sábado, novembro 25, 2006

O CASO DE HOJE

O CASO DE HOJE Depois de ter estado a falar com o meu querido amigo Carlos Gil, decidi abrir um blog, para nele debitar, todas as coisas ediotas ou nem tanto, que me vão acontecendo no dia a dia.Só que, para contruir este blog, não dei dois nem três passos, dei por aí uns quinhentos...Dá realmente vontade de rir. Quando disse ao Carlos que não era capaz de abrir o blog, ele, ó tristeza, ó infutunio, ó isulto vil, maior de todos os insultos, chamou-me LOIRA!!!!. Logo eu, que tenho os cabelos da cor da neve!Depois de muito fazer, apagar, refazer, lá consegui construir o blog, não é muito ao meu jeito, não era isto que eu queria, mas, seguindo o conselho de quem sabe mais do que eu nestas coisas de bloguisses, este vai dar para eu me familiarizar nestes eventos (acho que são inventos, serão?) bom seja lá o que for aqui está o meu blog, novo, acabadinho de sair da forja, ainda com um xeirinho, a talco e água de colónia, como um recem-nascido que se presa.A partir de agora, é só dar largas á imaginação, e cá vou eu, embalada nas doces e suaves ondas da net.Net, maravilha das maravilhas! Companheira de jornada já lá vão uns bons seis anitos.Jé nem saberia viver sem ela; modernices como diria a minha querida e santa Avozinha.E, como já estou aqui "agarrada" ao PC, navegando, há um bom par de horas,estou cansada, e, com uma forte dor no pescoço e nas costas. Estas desbragadas noites de navegação, já não são para a minha idade, ou serão? Lylybety

COMO FOI HOJE?

Hoje foi um dia parecido com aos outros, salvo pequenas diferenças. Ontem estive por aqui até de madrugada. Enfim, chegou o João Pestana, que há alguns dias se tinha ausentado, não sei muito bem para onde, de vez em quando faz destas. Pois dizia eu, o João Pestana, chegou, muito dengoso, muito carinhoso, e catrapus, não resisti aos seus encantos, e, lá fomos muito agarradinhos pra cama. Foi uma noite tão intensa, e tão longa, que, só ás 18h de hoje, consegui libertar-me dos braços dele. Só espero que este amor, seja duradouro, e que de novo esta noite me envolva nos seus ternos e doces braços, para que fiquemos ambos bem aconchegadinhos no vale dos lençóis. Após de, ainda meio ensonada ter visto algumas séries interessantes na TV, séries que costumo acompanhar, nada de telenovelas, dessas estou mais que farta, são coisas para mim muito mais importantes, mas isso também não interessa nada. Mas já me perdi.....Ah!, pois foi, depois de ver TV vim até aqui ter com este meu amante, que, confesso é muito mais apegadiço do que o já falado João. Li o correio, enviei algum, visitei uns grupos de que faço parte, e, agora é que foram elas, onde andava o meu Blogs, que tanto me custou a conseguir? Pois foi. Não sabia dele, nem como é óbvio lá podia entrar . Andei de déu em déu, até que lá o descobri. Então, ó milagre dos milagres, tinha cá para meu espanto duas mensagens. Uma do Carlinhos , e outra duma simpática, que não conheço, mas espero vir a conhecer. Pois é. E agora? Não sei responder.....É isso mesmo, ainda não sei como se faz. Contudo deixo aqui neste momento a minha gratidão, e, o meu carinho aos dois. Bem hajam. Lylybety

PÔR DO SOL AFRICANO

PÔR DO SOL AFRICANO África, é um continente lindo; cálido, envolvente, onde todo o ambiente nos parece abraçar e acariciar. Só pode corroborar esta minha opinião, quem já lá esteve, nem que fosse por breves dias. Na quente e luminosa tarde africana, o Sol de oiro começa a descer no seu ocaso, como se fora uma enorme bola de fogo, alaranjado. É uma hora mágica; os animais começam a regressar aos seus abrigos, e, nesse instante ouve-se a restolhada dos gamos, impalas, coelhos, enfim toda a fauna daquele lindo continente; os pássaros regressam aos ninhos, e com o seu chilrear, parecem felizes e transmitem-nos felicidade; as crianças que brincam nos terreiros frente ás palhotas, deixam de o fazer, e, entram nelas. De repente tudo parece parar. A Natureza, como que fica em transe, nada se ouve, nem um piar, uma corrida, um grito, um silvar das folhas das árvores, nada.... Depois, numa explosão de sons, os morcegos saem dos telhados das habitações, e, aventuram-se no céu em bandos, com grande alarido no seu chiar; ao mochos e as corujas também se apressam a acordar piam no seu piar agoirento. Toda a savana parece acordar para o trabalho dos seus habitantes nocturnos. Enquanto isso, o sol, vai-se sumindo, e já o céu parece um enorme braseiro, todo ele vermelho e alaranjado; até que subitamente, quase sem nos apercebermos, o Sol desaparece; quase em simultâneo, já a Lua espalha a sua clara luz, por aquela terna, Quente, doce e afável terra, que é o continente africano.... Lylybety

QUEM TE MANDA A TI SAPATEIRO?

Exactamente! Quem te manda a ti sapateiro tocar rabeca? Entrei para este mundo da blogosfera, é assim que se diz não é? Mas será assim que se escreve? Como ia dizendo entrei para este mundo, sem trazer nem sequer um fósforo, ou seja, completamente ás escuras. Não percebo nada disto. Primeiro foi uma trabalheira para conseguir abrir o blog agora é outra para abrir? Postar? Colocar? Sei lá como se diz, e ainda menos como se faz, os separadores ou links ou lá o que é. Bem pelo menos, dá para eu dar umas boas gargalhadas á custa da minha falta de habilidade. Também não admira, ninguém me ensinou a mexer em PCs e muito menos nestas andanças da net. Tenho vindo a gatinhar, e estou a começar a dar os primeiros passos. Ainda muito indecisos, cambaleantes Mas com o tempo eu sei que vou andar a passos firmes. Para isso conto com a ajuda de quem faz o favor de visitar esta minha palhota. É. Agora ainda é palhota, mas aos poucos vai-se transformar num palácio, ou então num hotel de 5 estrelas. Quem viver verá. Até lá, tenho que andar por aqui á pesca, a fim de encontrar alguma coisa que me ajude nesta tal história dos links. É que eu tenho umas ideias, não sei é como praticá-las. Se não divido o que escrevo, por quartos e salas individuais, vai haver aqui uma tal bagunça, que nem eu me vou entender com ela. Mas o pior, pior, pior, foi que falando eui, com uma amiga, a respeito da criação deste recanto, ela disse-me, que tinha tentado um blog aqui no sapo, mas não se entendeu, então aconselhou-me o MSN dizendo ser mais simples. Bem mandada como sou, lá fui eu. Pois fui. Mas perdi o norte, e agora não sei lá ir de novo. Para mim, o tal ainda é mais difícil do que este. Enfim logo se vê..... Lylybety

VISITA A MINHA FILHA

SABADO 20-8-005 Hoje fui visitar a minha filha, e os meus netos, mas principalmente os meus bisnetinhos. Cheguei, perto do meio dia, o Leo estava ao colo da mãe. Está tão grande, e tão esperto! Acho que gostou de mim, pois eu brinquei com ele e ela fartou-se de palrar. Só tem um mês e meio, mas já palra tanto!! Está lindo, achei-o parecido com o avô e com o tio Fábio, muito embora o achem parecido com o pai. Levei uma bola de praia ao Tomás, ficou tão contente!!!! A mãe é que não gostou que lhe tivesse dado a bola. É que ele gosta muito de bolas, mas, como é um menino muito activo, quer correr atrás da bola, e têm de segurá-lo. Acham que ele é de vidro então está super protegido, por mais que eu diga que ele tem de se defender sozinho, não me ligam importância, afinal eu já sou velha, e, não percebo nada de nada sobre crianças.... Nunca criei nenhuma....! Enfim! Almoçámos uma sardinhada. Depois do almoço o Leo adormeceu, a Teresa, sua mãe, quis ir arranjar o cabelo. Eu ainda lhe disse que o deixasse ficar a dormir, eu tomaria conta dele, mas ela teimou em levá-lo. O menino não parece gostar muito de colo, estava muito calor, e, ele não conseguiu dormir muito tempo....ficou rabugentinho. Como bebé que é, chora e leva as mãozinhas á boca. Sua mãe acha que ele tem fome e pimba dá-lhe de mamar, mas ele tinha mamado, e ainda não tinha, passado o tempo necessário entre mamadas, mama pouco, e fica ainda mais rabugento, ora na opinião abalizada da avó e da mãe, o que ele tem é mau olhado. Depois de devidamente benzido, ele continua a choramingar, a mãe acha que são gases, e enfia-lhe um supositório Bem-uron, para lhe aliviar as cólicas, que no seu entender haviam sido provocadas por duas colheres de chá de água que o menino bebeu, a meu conselho. É que o menino não deve beber água, no entender dela. Penso que, elas em vez de progredirem regridem no tempo, ou serei eu que estou velha, caduca e não sei o que digo? Sempre a choramingar no colo da mãe, o bébé em todo dia não dormiu aquele soninho que todos os bébés devem dormir. Enquanto a Teresa jantava, peguei nele, trouxe-o para a sala, deitei-o no sofá, e, acabaram-se as cólicas e a rabugice, esperneava, esbracejava e palrava comigo que era um louvar a Deus. Assim o consegui manter calmo, até perfazer o tempo regulamentar entre as mamadas. Acabou por ficar com fome, a mãe deu-lhe de mamar e ele já ficou mais ou menos, só que, durante todo o dia não dormiu, e estava muito rabugento, como é normal nas crianças de tão tenra idade. Por mais que eu lhes diga que as crianças devem ter horas certas para tudo, eu sou parva, sou antiquada, e não sei o que digo. Meu Deus! Eu fui mãe de quatro filhos, que não têm entre o mais novo e o mais velho seis anos de diferença. Sempre os eduquei a fazer uma vida regrada e de horas certas, não me deram trabalho nenhum a criar. Fui a mãe mais feliz do mundo. Sempre dormiram toda a noite, sempre fizeram o soninho entre as mamadas, e, não morreram á fome, por lhes dar de comer de três em três horas, e, nem por isso deixaram de ser uns bebés desenxovalhados, e de serem os homens bem constituidos que são hoje. Pois é! Mas isso são coisas de velha, já não se usam. Nada como dar-lhes de comer de meia em meia hora, para que fiquem gordos e anafados, no entender da mãe e da avó. Mas eu nada tenho com isso. Não sou eu quem os atura.... Estávamos a ver as notícias, quando a TV enguiçou. Deve ter sido avaria no sinal de satélite. Aí, o Cardoso, meu genro, começou a barafustar que, os nossos canais, como ele diz, não se devem ver por satélite, mas sim pela antena normal, também não entendi essa, mas não admira sou velha e estúpida. Só que ele a barafustar, não disse, mas eu percebi muito bem, que ele estava a atirar para cima de mim as culpas da avaria, já que eu tenho o péssimo costume, de ver outros canais, que não são o Playboy, a SIC, ou a Spot-TV. Fui com a intenção de lá passar o fim de semana, mas depois de ter feito mal em levar a bola ao Tomás, ter deitado mau olhado ao Leo, e ter avariado a TV, não tive ânimo de lá ficar nem mais um segundo. Assim sendo, dei corda aos pneus e vim para a minha casa. Afinal de contas, aqui é que eu estou bem. Mais uma vez, me senti personna non grata lá em casa. Era minha intenção, quando saí de manhã ao ir para lá, ficar a ajudar a minha filha, que tem sempre montes de roupa para lavar e engomar, e, bem assim, sempre montanhas de lixo para despejar, há imensa imundície naquela cozinha do lume, eu queria ajudá-la a dar um jeito naquilo tudo, pois ela é sozinha, e é uma casa de gente. Depois tem lá o Tomás, que dá imenso trabalho, porque elas querem, ele é um santo menino, mas lá está, mal habituado. A mãe, não faz nada de nada á minha filha, até inclusivamente é a minha filha quem depois de fazer quase tudo, ainda tem de olhar por ele. Mas eu sou velha e tonta...Ainda engomei uma pecitas de roupa, era minha intenção passar o resto durante a noite, quando estivesse mais fresco, pois o calor era insuportável, mas, optei por me vir embora. Trazia o coração apertado como sempre. Filha é filha, neta é neta, mas não dá. Já são demasiadas vezes que, me sinto mal lá em casa. Penso mesmo, e, não é por despeito ou maldade de minha parte, mas penso que tão cedo não irei lá. Acho mesmo que só lá irei se for convidada para alguma coisa, o que duvido que aconteça. E, assim, um dia que eu supunha, iria ser feliz acabou sendo um dia triste, em que mais uma vez me senti muito só, á margem de tudo e de todos. Mas que hei de fazer? Eu sou velha e tonta!!! Agosto de 2005 Lylybety

CARA OU COROA

Vá lá saber-se porquê, hoje lembrei-me de um episódio que, considero tragicómico. Tragicómico, porque mais tarde daria aso a momentos quase trágicos, momentos em que eu me sentia indignada e tristérrima, e quase perdi a vida. Cómico porque hoje ao lembrar-me dele, me dá vontade de rir.Foi há sensivelmente dezassete anos. Eu vivia com o Jorge há relativamente pouco tempo. Nesse serão estava cá em casa, um casal amigo, Sérgio e a Fátima,. Após uma longa dissertação sobre o casamento, eu acabei por dizer que não queria casar, pois não seria um papel que me daria a felicidade. Aliás penso que uma certidão de casamento não faz ninguém feliz, mas, pode tornar alguém muito infeliz.Conversa puxa conversa, o Jorge zangou-se e acabou por dizer que se tivesse carro, se iria embora para não mais voltar.Sérgio e Fátima, que não viam com bons olhos o meu “namoro” com o Jorge, pois este era um bêbado, que já me tinha enviado para o hospital umas duas ou três vezes, derivado a tareias que me deu, prontificaram-se de imediato a um ou outro o irem levar a casa dos pais, já que o Jorge não tinha casa própria. Assim, Jorge gritou irado: - Vai arrumar as minhas coisas, para mim chega, vou embora. Um pouco triste, porque não era essa a minha vontade, eu e a Fátima lá fomos emalar a trouxa. Logo após o Sérgio saiu com ele a fim de o ir levar .Eu fiquei de lagrimita no olho, enquanto a Fátima me animava, dizendo ser o melhor que me podia acontecer, pois ele era muito violento (bota violento nisso) e eu não merecia os maus tratos que me eram infligidos. Ao demais o Jorge estava desempregado, acho que ele não quer é trabalhar, dizia ele, e tu estás aqui a consumir-te. És uma mulher jovem ainda, isto se aos quarenta e três anos se pode considerar alguém jovem, bonita, podes arranjar alguém que te estime de verdade, etc. etc. etc.Subitamente, Fátima olha pela janela dá um pulo no sofá, e diz agitada, eles vêm aí, que terá acontecido?Na verdade, o que aconteceu? Teriam percorrido uns duzentos metros, quando Jorge diz para Sérgio: Para o carro, vamos voltar, eu não posso ir embora sem falar com ela de novo. Sérgio ainda o tentou dissuadir, mas Jorge insistiu e lá votaram. Ao chegarem á entrada da minha casa, Jorge hesita, achas que deva ir? Pergunta. Sérgio diz-lhe que será melhor ele ir-se embora de uma vez por todas. Mas Jorge, é do tipo que, se queremos virar para a esquerda, fazemos sinal para a direita, e teima, não tenho de falar com ela. De repente, puxa duma moeda de 2$50 e diz, vou jogar a moeda ao ar, se sair cara vou embora, se sair coroa, e se ela me quiser fico.Saiu cara ou coroa? Não sei. Sei que ele voltou. Sei que fui jogada de cara ou coroa. Sei que fui muito infeliz. Sei que o saber que tinha sido jogada assim me magoou. Sei que já passaram quase 18 anos, e hoje isso me faz rir......
Lylybety

sábado, novembro 11, 2006

RECORDAÇÕES

Mais um fim de semana! Micaela detestava os fins de semana. Sabia que iria para casa, se encafuava no sofá a ver televisão, ou a dormir. Como era sozinha, nunca tinha vontade de sair de casa.Houve um tempo que ainda saía de vez em quando com sua amiga Raquel, mas esta tinha arranjado um companheiro, e já não lhe sobrava tempo para saídas com a amiga. Pelo menos Raquel andava feliz, já era algo de positivo. Olhou o relógio, 18,30h. Tinha despachado o seu trabalho cedo. Pôs em ordem os papeis, arrumou-os na gaveta da secretária, tapou o computador, acendeu um cigarro, que raio de vicio tinha arranjado, enfim alguma distracção havia de ter...esta era a desculpa que ela dava, quando lhe chamavam a atenção por fumar, ás vezes em demasia. Recostou-se na cadeira saboreando o cigarro, e sorriu para consigo, pelo facto de ter sempre a sua secretária impecavelmente arrumada. Suas colegas diziam que era mania, mas não, era tão somente a força do hábito. Fechou os olhos, e recordou com alguma saudade o seu primeiro emprego. Luísa, sua chefe era exigente, e não gostava que as empregadas deixassem as secretárias desarrumadas de um dia para o outro. Dizia e com razão que havia documentos com alguma confidencialidade e não deveriam ser expostos á curiosidade dos empregados de limpeza. Assim Micaela ficara com este pequeno defeito profissional. Talvez por isso entre outras coisas, ela era a funcionária em quem o Director mais confiava. Voltou a olhar para o relógio, faltavam cinco minutos para as sete, preparava-se para sair, quando o Director a chamou pelo interfone.- D. Micaela?- Sim senhor Director.- Ainda bem que não saiu, poderia chegar aqui ao meu gabinete? O que seria este queria agora?Bateu á porta, e, entrou.- Desculpe D. Micaela, mas preciso que me faça o favor de enviar por correio electrónico, ainda hoje, este relatório para Deutz, é que só agora o Conselho de Administração deu autorização para comprar as peças dos motores das máquinas, e sabe como é importante que as mandem com a maior brevidade.Com certeza Sr. Director. Respondeu cortesmente.Já ia a sair quando ele pergunta:Espero que não vá transtornar os seus planos, como é fim de semana... - De modo algum. Não tenho nada importante para fazer este fim semana. Não atrapalha nada.- Nesse caso, fico muito grato. Até segunda e bom fim de semana.- Bom fim de semana também para si, responde ela já da porta. Como era seu costume leu atentamente o relatório, e só depois o passou no computador. Eram 21h quando deu por findo o trabalho.Pegou na mala e saiu.Na rua estava um calor infernal, como tinha ar condicionado nem se tinha apercebido do calor que estava. Ainda bem que o carro já estava á sombra.Pôs o carro a trabalhar, e enquanto o motor aquecia acendeu outro cigarro. Apetecia-lhe sair, ir ao cinema ou a outro lado qualquer, mas sozinha? Suspirou e arrancou um pouco irritada consigo mesma.O transito estava impossível, o que contribuiu para a enervar ainda mais. Por fim lá conseguiu chegar a casa, cansada e aborrecida.Foi ver se tinha mensagens no telefone, mas ninguém lhe tinha telefonado como era usual, nunca ninguém lhe telefonava...Tomou um duche frio, e preparava-se para comer qualquer coisa, quando, milagre dos milagres, o telefone tocou. Viu as horas, era já meia noite, quem seria a esta hora? Ficou um pouco assustada, seria alguma má notícia?Um pouco a medo atendeu: - Sim?- Boa noite, responde uma voz masculina que lhe era vagamente familiar, é de casa do sr. David Falcão?Ficou um pouco indecisa, quem seria este? Pelos vistos não sabia que estavam divorciados.Mas deixou-se levar pelo instinto, e respondeu:- É sim.- Seria possível falar com ele?- E quem quer falar com ele?- Sou um amigo e antigo camarada da tropa, o Simões.O Simões? Que estranho, então ele não sabia? Cada vez mais intrigada responde:-Ah Olá sr. Simões como está? E a sua esposa como vai?- Eu estou bem, ela não sei, nós separámo-nos, já há três anos.- Sim? Não sabia. O David não me contou nada.- É natural, eu desde que vocês estiveram em nossa casa nunca mais falei com ele, por isso suponho que ele ainda não sabe.Pelos vistos fora contagioso, pois havia também três anos que ela e David se tinham separado.Contudo alguma coisa lhe soava estranho. Porque haveria o Simões de telefonar aquela hora? Aqui havia coisa. Sorriu, a desconfiança tinha sido nela inoculada por David. - Pois ele não está. Neste momento está a trabalhar.Qualquer coisa lhe dizia que não devia falar da sua separação, assim, seguiu o seu instinto que raramente a enganava. - Então a D, Micaela pode dizer-me onde ele está a trabalhar?Gostava de falar com ele. E agora Micaela? Como vais descalçar esta bota? Mentindo claro.- Pois não sei! É que ele foi para um novo cliente, e ainda não me disse onde estava.Pareceu-lhe que ele estava a rir-se. Também Micaela és uma desconfiada, pensou, apercebeu-se porém que para ela era difícil dizer que era divorciada, era como se tivesse sido marcada com um ferro em brasa...- Ah! Se ele lhe telefonar diz-lhe para ele me ligar por favor? Eu hoje estou de serviço nos bombeiros.- Com certeza, dir-lhe-ei sim. - Então boa noite, e desculpe tê-la incomodado a esta hora.- Não tem importância, boa noite! Tinha perdido o apetite. Ela que tudo fazia para tentar esquecer David, havia sempre alguma coisa a recordar-lho. E como não havia de haver, se ela tinha fotos dele espalhadas por toda a casa, exactamente no mesmo sítio onde as colocara ainda casada. Olhou para uma que estava sobre a televisão. Ele parecia sorrir-lhe, dava a sensação que queria dizer-lhe algo.Mas David nunca mais dera sinal dele. Isso entristecia-a demasiado. Tinham decidido continuar amigos, mas sem ela saber porquê ele deu o dito por não dito, e nunca mais soube dele.... Contra sua vontade, lágrimas rebeldes rolaram-lhe na face.Não fora de sua vontade a separação. Sabia que ele também não queria isso, então o que foi que aconteceu? Que foi que os separou? O orgulho, só o orgulho idiota de cada um deles.Agora ela levava uma vida vazia sem interesse por nada.Tinha alguns amigos que ás vezes a convidavam para sair, mas sabia de antemão que a intenção não era só levá-la a passear, almoçar, ou ir ao cinema.....Só que ela fazia-se desentendida, eles acabaram por desistir. Agora sozinha muitas vezes se arrependia, mas não podia fazer nada. David era e seria sempre o seu marido.... Embrenhada nestes pensamentos, nem deu pelo tempo passar, e quando viu as horas era quase dia, cinco da madrugada....resolveu tomar um comprimido para dormir, dormir, esquecer, era tudo o que lhe restava.Estava quase a adormecer, quando o telefone toca de novo.Meu Deus, pensou, quem será agora? Só temia que algo acontecesse a algum dos seus filhos, estavam tão longe dela.... E tão esquecidos que tinham mãe....- Estou?- Boa noite! Ou será bom dia? Ainda acordada?Micaela deu um pulo. Aquela voz...estava a sonhar ou era David? Não, não podia ser....- Estou sim, quem fala?- Ainda não passou tanto tempo que não reconheças a minha voz, ou já?- Na verdade não estou reconhecendo não, respondeu insegura.- Estás sozinha?- Isso interessa?- Sim. É até importante, para mim, saber.- E porquê?- Diz-me só se estás sozinha ou acompanhada.- Se é tão importante, estou acompanhada, mentiu. Lá estava o orgulho a falar mais alto. Mas que queres? Precisas de alguma coisa?- Afinal sempre conheces a minha voz. Preciso sim. Preciso de ver-te.- Lamento, mas não vai ser possível.- Está bem, sendo assim até outro dia em que estejas sozinha.- Adeus, até esse dia. Desligou o telefone e chorou, de raiva, se queria tanto vê-lo, porque respondera assim? Maldito orgulho, que falava sempre mais alto!Não foi para a cama, deitou-se no sofá e ali ficou a chorar de raiva e saudade.Pouco tempo depois era a campainha da porta que tocava. Raio! Quem seria agora, será que não podia dormir nem um segundo esta noite?- Quem é? Ninguém respondeu. Devia ser algum vizinho que se esquecera da chave, só podia.- Quando ia voltar para o sofá, ouviu um pancada leve na porta. Espreitou pelo ralo, e... era ele! Era David! Não podia ser. Não podia acreditar. Abriu a porta e lá estava ele sorrindo com ar burlão. - Posso entrar?- Claro. A casa é tua.- Posso beijar-te?- Também. És o meu marido. Podes e deves.- Ele beijou-a suavemente como era seu costume. - Micaela estava radiante. Não cabia em si de tanta felicidade.- David fora visitá-la, ao fim de tanto tempo....- Sentaram-se e conversaram imenso tempo, até que ele perguntou, posso cá dormir hoje? - Podes a cama está vazia, eu durmo no sofá.- E não queres dormir comigo?- E tu queres?- Foi para isso que vim, apesar das tuas mentirinhas...E foram...Que bem lhe sabia sentir o corpo dele encostado ao seu.- Ouviu ao longe uma melodia de Mozart...ela adorava Mozart- A melodia repetia-se uma e outra vez...até que acordou e se viu deitada no sofá, e era o telemóvel a tocar, o seu amigo Ricardo, convidava-a para ir tomar café com ele. Reparou então que era domingo, pois só ao domingo ele a convidava...O que ela julgava ser o corpo de David, eram as costas do sofá.Mais uma vez a visita de David não passara de um sonho...Porque acordou? Estava tão feliz a sonhar...E o telefonema teria sido sonho também?Efeito dos comprimidos para dormir que ela tomara....Sentiu-se mais triste e infeliz que nunca.....Mesmo assim, vestiu-se para ir tomar café com o amigo. Talvez David aparecesse por lá....Quem sabe? A esperança é a última a morrer....Quando chegou, já Ricardo a esperava. Acolheu-a com o seu costumado sorriso amigo...Entretanto, o sr. Maurício que era o dono do café, pessoa sempre bem disposta, e, que parecia gostar de Micaela, chamou-a e, disse-lhe baixinho: - Sabe quem esteve aqui ontem?O seu coração pulou-lhe no peito, mas disfarçando respondeu:- Não. Quem foi? - O sr. David. - Sim? - Sim. Vinha com pressa, mas veio cumprimentar-me. Sabe? Achei-o triste, abatido parecia mais velho...Meu Deus, pensou, todos o vêem menos eu...Afivelou um sorriso despreocupado, e lá foi tomar café, e conversar com o seu inseparável amigo Ricardo...De volta a casa, tomou uma dose maciça de sonoríferos, e dormiu até ás 7,39h de segunda feira de um só sono.Tomou o seu habitual duche, e lá foi para mais uma semana de trabalho. Arroja 2002-07-26 Maria Isabel Galveias

RECORDAR É VIVER

Hoje fui a uma entrevista a fim de arranjar um emprego, para as minhas horas livres. Foi uma autentica romaria de saudade.A entrevista era nos Olivais. Olivais Sul como agora é designado. No tempo em que lá vivi, era Olivais somente..... Teria que estar ás 13h no n.º 56 da rua Cidade da Beira. Não sabia onde era, no meu tempo por ali só havia quintas, e oliveiras.Fui cedo, para descobrir o local, e, chegar a horas á entrevista, perguntei ao motorista da Carris, onde ficava a dita rua, ele parecia não saber ao certo. Nesta bem fadada terra, se alguém souber alguma coisa vai preso, por certo.Desci do autocarro, na rua de Nampula, passei nas ruas de Quelimane, João Belo, Lourenço Marques, Inhambane.......No espaço de uma hora percorri, Moçambique do Rovuma ao Maputo, até que chaguei á rua Cidade da Beira.Esta rua fica perto do lindo Vale do Silêncio, esse sim, é do meu tempo. Para fazer tempo, pois era ainda muito cedo, entrei num café, e, quando estava tomando a minha bica, entrou um senhor, muito bem disposto e galhofeiro. A empregada começou a brincar com ele, e, ele acabou por dizer que tinha 80 anos. (Não lhe daria mais de 50) Como boa Moçambicana, logo entrei na conversa, perguntando se ele era daqueles sítios, ao que ele respondeu:- Sou aqui nascido e criado minha senhora, já lá vão 80 anos....- Então, deve lembrar-se da Quinta dos Serrões...- Se me lembro! Havia lá uma fábrica de Curtumes, trabalhei lá- Conheceu portanto, o meu avô, ele era o encarregado da fábrica.- Se conheci. Era boa praça esse sr. Paulino, era assim o nome dele não era?- Era sim. Eu fui para essa quinta, quando tinha 18 meses, vivi lá até perto dos 14 anos....- Ai minha senhora, isso é que eram tempos...!- É verdade! Sabe? Estes Olivais de hoje não me dizem nada, já nem sei onde estou.- Aqui é a quinta do Patacão, lembra-se?- Lembro sim, vim muitas vezes aqui apanhar caracóis, com a Rosita da Alaguesa.- A Rosita? A senhora conheceu a Rosita?- Sim. Fomos criadas juntas. Nunca mais a vi!- Ela mora na Rua Alves Gouveia vejo-a muitas vezes.- Quando estiver com ela, diga-lhe por favor, que encontrou a Belinha dos Serrões, e que ela lhe manda um grande abraço está bem?- Minha senhora, ainda hoje lhe vou dar esse abraço, fique descansada!- O senhor lembra-se, dos bailaricos dos Santos Populares, que havia no Rossio? (Largo da Viscondessa)- Se me lembro... Eram outros tempos. Quantas vezes lá ouvimos os Lírios, no tempo do Jacinto Lopes...- É verdade. Ele cantava tão bem! Havia também os Mensageiros do Ritmo, com o João Loureiro....Era a época do give, das rumbas, o xa-xa-xa, o tango, enfim nesses tempos não eram ainda consideradas danças de salão, dançavam-se em todos os bailaricos...- Minha senhora, nem imagina, quanto me alegro, por poder falar desses tempos, com quem os viveu...Esta mocidade de agora, tem tudo o que nós não tivemos, mas com tanta coisa, que nem sabíamos que existia, nós fomos muito mais felizes. Fala-se da fome que se passava nesse tempo...Eu nunca tive fome! Haviam tantas árvores de fruta, e fruta da boa, sem corantes nem conservantes, como a de agora. Ia-mos á xinxada, e enchia-mos a barriga. Os donos faziam de conta que não nos viam, e no fundo, era a maneira da rapaziada se divertir. Não havia droga, nem nada disto que o dito progresso nos trouxe.Eram quase horas da minha entrevista. Com alguma pena, pois havia ainda tanta coisa a recordar ,despedi-me do senhor, dizendo:- Bem tenho de ir. Talvez nos encontremos por aqui mais vezes.- Aí minha senhora. Oxalá assim seja. Hoje foi um dos dias mais felizes que tive. É tão bom recordar o passado!O senhor tinha lágrimas nos olhos, e eu também. Afinal, não sou só eu que tenho saudades, há mais quem tenha.Acrescento, que consegui o tal emprego. Fico duas vezes feliz. Uma porque o consegui, outra porque vou ter oportunidade de voltar a ver aquele senhor, que tanto gosta, como eu, de recordar o nosso lindo bairro dos Olivais, quando ele tinha realmente oliveiras, e, muitas quintas, com alegres camponesas, com quem eu cantava ao desafio.Foi um lindo dia para mim..... Arroja-21-7-2004 Maria Isabel Galveias

SIMBIOSE

TINHA SIDO UM DIA DAQUELES...........!UM DIA EM QUE TUDO ME FAZIA LEMBRAR OS BONS MOMENTOS JÁ PASSADOS, E, ME FAZIA SENTIR UMA ENORME SOLIDÃO, UM ENORME DESEJO DE AMAR E SER AMADA.Á NOITE, ESTIVE COMO DE COSTUME, AGARRADA AO MEU COMPANHEIRO FIEL, O MEU PC. PORÉM, POR QUALQUER CIRCUNTÃNCIA, ESTAVA INQUIETA. ERA MEIA NOITE. .ALGO ME IMPELIU A SAIR. IR ATÉ AO MEU MONTE MÁGICO, AQUELE ONDE TUDO ME PARECE PERFEITO, E, ONDE EU CONSIGO ACAMALMAR E RETEMPERAR FORÇAS.CARREGAR AS BATERIAS COMO EU COSTUMO DIZER.COMO SEMPRE TUDO ERA CALMA E MAGIA. AQUELE LUGAR TEM PARA MIM , O FASCINIO DO SONHO.FIQUEI DENTRO DO MEU CARRO A OLHAR AS ESTRELAS, QUE NÃO SEI PORQUÊ , ALI PARECEM SER MAIORES, MAIS LINDAS E COM MAIS LUZ.DE SÚBITO, OS MEUS OLHOS FIXARAM-SE NUMA, QUE PARECIA SER, DE TODAS A MAIOR, A MAIS BRILHANTE, COMO SE CÍRIUS SE ESTIVESSE A DIRIGIR A MIM.COMEÇOU DESCENDO, DESCENDO, E QUANDO ESTAVA JÁ PERTO MUITO PERTO, TU DESCESTE DELA ENVOLTO NUMA LUZ AZUL INCANDESCENTE. OLHEI-TE E VERIFIQUEI QUE TINHAS OS BRAÇOS ESTENDIDOS PARA MIM, COMO NUMA SÚPLICA DE ENTENDIMENTO, DE SIMBIOSE, DE TERNURA E DE SONHO.APROXIMÁSTE-TE, DEMOS AS MÃOS, FICAMOS AMBOS ESTÁTICOS OLHANDO-NOS, SEM FALAR, APENAS AS NOSSAS MÃOS SE APERTAVAM E OS NOSSOS DEDOS SE ENTRELASSARAM, COMO SE FOSSEM MEMBROS DO MESMO CORPO. UM SÓ CORPO.COMEÇAS-TE A PUXAR-ME , EM DIRECÇÃO Á ESTRELA BRILHANTE, EU, SENTIA UMA LEVEZA E UMA CALMA, COMO NÃO SENTIA HÁ MUITO TEMPO.SÓ NESSA ALTURA A TUA VOZ SUAVE, TERNA E DOCE ME DISSE BAIXINHO: - VEM! NÃO RECEIES. VERÁS QUE NO NOSSO MUNDO DE ENCANTO E MAGIA,TUDO É COMO TU GOSTAS. LÁ SÓ EXISTE O SONHO ETÉREO ONDE TUDO É PERFEITO. VEM!EU DEIXEI-ME CONDUZIR POR TI, COMO QUE DESLIZANDO NO ESPAÇO, FOMOS OS DOIS SEM PALAVRAS, SUBINDO........SUBINDO, OLHAVA PARA BAIXO E VIA O MEU MONTE CADA VEZ MAIS LONGE.... LONGE.....LONGE........DE SÚBITO UMA LUZ MAIS FORTE ME FERIU A VISTA, FAZENDO-ME PISCAR OS OLHOS, ENTÃO DEIXEI DE SENTIR A TUA MÃO NA MINHA. PARECEU-ME CAIR COM BRUSQUIDÃO NUM POÇO, ONDE , SEM SABER COMO, MAGOEI UM BRAÇO. ABRI OS OLHOS, ERA DIA. O SOL ILUMINAVA-ME.FORA ELE QUE M ME ACORDARA, TINHA PASSADO A NOITE NO MEU CARRO ADORMECIDA SOBRE O VOLANTE, DAÍ A DOR NO BRAÇO.ALÉM DA DOR NO BRAÇO, SENTI MAIS AGUDA A DOR DA SOLIDÃO, E, A TRISTEZA DE QUE SÓ EXISTE SIMBIOSE PERFEITA NO SONHO. LÁGRIMAS CRISTALINAS CORRIAM-ME NAS FACES, NÃO ERAM DE TRISTEZA, ERAM PELA FELICIDADE PLENA SENTIDA NESSA NÓITE, COM O CONTACTO AMIGO DA TUA MÃO, FAZENDO-ME SENTIR QUERIDA E IMPORTANTE. PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, ALGUÉM TINHA QUERIDO PARTILHAR COMIGO, TODA A MAGIA , SENTIDA NUMA SIMBIOSE PERFEITA.POR ESTA NOITE MÁGICA TE FICAREI ETERNAMENTE GRATA................Maria Isabel Galveias Piedade, 12 de Novembro de 2000

Uma noite de Natal

Uma noite de Natal Rita, está só. Só, na mais completa profunda e amarga solidão. Ela sempre gostara de estar sozinha, todavia, como essa solidão hoje é dolorosa...! Recorda com alguma amargura, as palavras proféticas de sua mãe, quando ela era ainda uma garota, e se isolava do mundo...- Credo rapariga! Só, se veja, quem só, se deseja....Lembra-se ainda, de na sua curta infância, dizemos curta porque ela mal desfrutara da infância, adolescência, e até da vida, já que fora, desde muito nova, marcada pelo infortúnio, de ser filha única de pais sempre desavindos. Como sempre se sentiu mal amada, daí, o seu isolamento, o seu fugir constante de tudo e da todos, como se assim, pudesse alijar de si o fardo que era a sua vida. Pegava num livro, seu companheiro inseparável, e, lá ia sozinha para o montado...Como ela dizia, metia-se dentro do livro e viajava, pelo mundo largo e grande da fantasia. Era feliz assim.Seus pais, esqueciam-se que ela existia. Não ligavam nada ao que ela fazia, desde que não falasse com rapazes, tudo estava bem.Casara, não fora feliz nem infeliz. Entregue de corpo e alma ao marido e aos filhos, lá foi vivendo.Ás vezes, ao domingo, seu marido que gostava de jogar futebol, saía para jogar e ela deixava que os filhos também fossem, para desfrutar de duas horas de solidão, paz e sossego, já que as crianças, alegres e vivazes, faziam barulho com as suas brincadeiras e ela sentia-se por vezes cansada. Sabia-lhe bem aquele bocadinho.Contudo, sabia que não estava só. Eles chagavam alegres e felizes, contavam todas as peripécias do jogo, e era a alegria que se instalava, no lar que, sempre tentou fosse feliz, dando aos filhos tudo aquilo de que tinha sentido falta.Mas a vida passa. Ao fim de 23 anos de casamento mais ou menos felizes, Rita ficou só.O marido falecera, os filhos casaram, e, seguindo o curso natural da vida, ela ficara só, definitivamente.Tentara reconstruir a sua vida, mas não deu certo.De quem seria a culpa? Dela certamente...O primeiro relacionamento, aconteceu pouco tempo depois de enviuvar...Fora uma paixão louca e desenfreada. A paixão que deveria ter sentido na sua adolescência talvez. Só então se deu conta de que nunca sentira pelo seu marido, o amor, a loucura que sentira por Luís. Mas...havia sempre um mas, a estragar a sua felicidade. Luís era casado, e embora quando Rita o conheceu, já não vivesse com a esposa, esta quando soube do seu romance, fez-lhe a vida num verdadeiro inferno.Luís, embora a amasse, também não lhe dava estabilidade emocional, até que um dia, sete anos após a relação, Rita se cansou, discutiram e ele saíra da sua vida.Foi muito dolorosa para ambos esta separação. Ele tentou tudo, para se reconciliarem, pediu ajuda á mãe de Rita, aos filhos, aos amigos, mas Rita fora irredutível.Melancolicamente Rita, relembra a sua vida com Luiz e lamenta a sua atitude de então. Como foi louca e orgulhosa...E como fora feliz! Junto de Luiz, Rita vivera o péssimo e o óptimo. Divertiu-se, viveu como nunca se sentira viva. Foram anos inesquecíveis, mas ela tinha de estragar tudo, convencida, de que tinha a verdade na mão...deitara tudo a perder, com o seu orgulho besta e estúpido. Louca que foi...! Agora chora a felicidade perdida, mas nada pode remediar o mal que a si própria causou... Quando soube da rotura, Madalena esposa de Luiz pediu o divórcio... Por ironia do destino, seria ironia? Ele não foi para nenhuma das duas. Mais tarde, conheceu Rui, foi uma relação curta, que chegou para colmatar a falta de Luiz, tudo parecia correr bem entre eles, mas mais uma vez o destino fez das suas, e Rui acabou preso nas redes da melhor amiga de Rita, facto que quase arruinou a vida de Rui. Rita perdeu o namorado, e perdeu a amiga....Perante este pensamento, ela sorri, se os perdera, é porque não eram lá grande coisa, nem como amiga, nem como namorado. Só, que naquela altura Rita era ainda jovem, bonitona, cheia de energia e vitalidade.Luiz continuava a persegui-la, e, então, conheceu Carlos.Para fugir ás investidas de Luiz, começou a sair com Carlos, apenas como amigos, só que a amizade acabou em casamento.E que casamento!Irascível, pouco comunicativo, Carlos tornou a vida de Rita insuportável.Ela perdoava-lhe tudo. Ainda hoje se pergunta porquê. O casamento durou dez anos...E mais uma vez Rita, se fartou de ser feliz..? infeliz..?Na altura, sentia-se muito, muito infeliz. Agora, sozinha, numa casa que para ela se tornou um sepulcro em vida, sem amigos, longe da família, mais uma vez Rita chora a falta da “infelicidade” que tinha,E sente o travo amargo, da solidão mais profunda e absoluta, que alguém alguma vez sentiu. Como sua mãe vaticinou, está só. Angustiosamente só..... Restam-lhe apenas as suas tristes recordações. É Natal. Rita, recorda sem muita saudade, alguns Natais da sua infância. Não eram muito alegres, nem divertidos. Passados sempre com seus pais, algumas vezes com seus tios. Não se lembra de alguma vez ter passado o Natal com os avós....O avô vinha de vez em quando, mas avó não gostava nada destas festas em família...Só mais tarde Rita percebeu porquê. (Em tempos seu avô bebia muito, andava sempre bêbado, contudo fez um tratamento para deixar de beber, quando fora para a fábrica dos Serrões. A avó temia que por motivo das festas, o avô voltasse a beber, era esse o motivo. Rita sempre ouvira dizer aos pais e aos tios, que a avó era má, e, não gostava da família. Ao chegar á idade da razão, Rita compreendeu que a maldade da avó era tão somente medo, medo de voltar á vida desgraçada que havia tido, contudo, parece que só Rita não via maldade em sua avó. Para todos ela foi sempre má. Pobre avó, sempre tão incompreendida! Só Rita a tinha amado de verdade....) Á noite, ela colocava o seu sapatinho na chaminé, e de manhã, encontrava invariavelmente um saquinho de bombons. Jamais uma boneca ou outro qualquer brinquedo.Houve porém um ano, tinha ela oito anos, seu pai, presenteou-a com um pequeno, mas lindo presépio, que a tinha deixado encantada. A partir de então, seus presentes de Natal, eram figurinhas que foram ao longo dos anos tornando o presépio maior. Passados cinquenta anos esse presépio ainda existe em casa de sua filha, só que em vez de crescer, vai minguando, exactamente como Rita....Com um sorriso triste, ela lembra, quantas vezes pediu ao menino Jesus uma boneca... chegou a fazer promessas, mas nunca foi atendida. Seus tios davam-lhe quase sempre algo para vestir mais nada.Em relação ás guloseimas natalícias, apenas as filhós de abóbora, e os coscorões, feitos durante a Noite do Galo, por sua mãe. Bolo Rei? Ela nem sabia o que era. Nunca ouvira falar. Nozes, pinhões, passas, que era isso? Ela não conhecia. Também não era de admirar, tinha havido uma guerra mundial, e os tempos eram de racionamento.Era tradição, a mãe fazia as filhós, o pai e ela faziam ao presépio. Nessa noite, ninguém dormia. Seu pai fazia questão disso. Havia também as morcelas de arroz, e o delicioso cacau quentinho, para acompanhar as filhós. E era tudo. Lembra-se de um Natal, teria por aí uns seis anos. Seus pais, por essa altura moravam na margem sul do Tejo, e ela, estava em casa dos avós. Não foi Natal não. Foi Ano Novo. Seus pais vieram passar o Ano a casa do tio Zé. Como quase sempre estavam todos zangados com a avó. Rita que estava em casa da avó, o que acontecia semana sim semana não, foi também fazer a passagem do ano com os pais e tios, mas queria ir para casa dos pais, aliás ela passava a vida cá e lá. Assim sendo, seu tio Abílio, a quem Rita tinha muito respeito, e a quem obedecia cegamente, sim porque menina mimada por todos, ela era um pouco teimosa, disse-lhe: Vai a casa da avó buscar as tuas coisas, e quando forem três horas vais ter connosco, pois nós iremos no autocarro das três.Rita assim fez. Deixou passar uns quantos autocarros, e ás três horas em ponto, aí vai ela no autocarro. Este tinha dois pisos, e Ritinha, foi direitinha ao piso de cima, sem nem mesmo ver se os pais ou o tio também iam. A confiança no tio Abílio era cega.Quando chegaram ao sítio hoje conhecido por rotunda do Relógio, o cobrador, veio pedir-lhe o bilhete, ela respondeu, que, seus pais iam no piso de baixo, e eles é que pagariam a sua passagem, na altura custava a dita 2$00. O cobrador, passado um tempo, veio dizer que ninguém se responsabilizava por ela, portanto teria que a deixar na paragem da rotunda.Que tempos aqueles hem? Não havia medo nem consciência, para deixar uma criança de seis anos, sozinha num sítio descampado e ermo como aquele era nesse tempo.....Bem, não haveria, por parte do dito cobrador, porque os passageiros do autocarro, indignados, cada um pagou um bilhete á menina, ficando Ritinha com 10$00, uma fortuna.....naqueles tempos até era. (Como Rita se sentia velha ao recordar esses tempos tão longínquos....)Mais um sorriso... Chegada que foi á Praça do Chile, saiu do autocarro, convencida de que, pelo menos o tio estaria lá á sua espera. Contudo, para seu desespero não estava ninguém.Ritinha começou a chorar. Não porque tivesse medo, ou porque se sentisse perdida, Rita desde muito pequenina, se habituara a viajar sozinha, e o percurso entre a casa paterna e a dos avós, não lhe era desconhecido.Nada disso, apenas desgostosa, pensando que sua mãe havia ido embora, e não a quisera levar. Á boa maneira da nossa terra, ao verem a menina a chorar, logo se juntou um magote de gente, até que, apareceu um cavalheiro, de meia idade, cabelos brancos, que a interrogou, querendo saber se ela pretendia ir para casa dos avós, ou dos pais. Ela queria ir para casa dos pais. Então o dito senhor, pegou nela, chamou um taxi, e levou-a ao barco. Comprou-lhe o bilhete, e comprou para ele um bilhete de gare, indo dentro da embarcação, onde pediu a uma senhora que tomasse conta da menina, até ela chegar ao destino.( ao que parece, naqueles tempos não havia pedófilos, nem se roubavam criancinhas. Na verdade também ainda não se faziam transplantes de órgãos, a coisa mais moderna que havia era a estreptomicina, para a cura da tuberculose. Bons tempos.....e Rita sorri de novo)Chegada a casa, Ritinha verificou que não estava ninguém. Aí compreendeu, que tinha havido um desencontro. Expedita, Ritinha, quando viu isso, foi imediatamente telefonar para a quinta, afim de avisarem os avós, de que ela estava em casa e em segurança.Como sempre sua mãe, tinha-a subestimado, não acreditando que ela iria no autocarro das três horas.Quando deram pela sua falta, entraram todos em pânico, menos o tio Abílio que, garantia, estar a sobrinha em casa, contudo ninguém lhe dava ouvidos. Por essa altura, a única pessoa que ficou tranquila, foi a avó. De resto andavam todos como loucos á procura dela. Todos sabiam, que ela não se perdia, mas como sabiam também, que não tinha dinheiro, temiam estivesse nalgum lado, sem poder ir para casa. O tio insistia, - Vamos para casa, tenho a certeza que a minha sobrinha já lá está. Enfim, lá foi com a mãe.Quando chegaram a menina estava em casa duma vizinha amiga da mãe. O tio chamou-a com um assobio, como era seu costume. Quando ouviu o tio, ela teve medo de ser castigada, porém o tio quando chegou perto dela, abraçou-a a chorar, dizendo: - Eu sabia, eu sabia. Ninguém me quis ouvir, quando eu quis vir embora. Ninguém acreditou em mim. Mas eu conheço bem a minha sobrinha....!Ao recordar a cena, Rita dá uma boa gargalhada. Ainda hoje não entende, a razão pela qual, sua mãe dizia que só lhe dava vontade de se atirar ao rio. Suporia ela que a filha estava lá no fundo!? Sua mãe e os melodramas dela. A vida tinha sido para si, um eterno e trágico romance. O pai chegou já bem tarde, triste, porque havia encontrado, nas esquadras onde procurara a filha, muitas meninas perdidas, mas feliz, porque a sua menina era demasiado esperta para se perder. Eles é que se tinham perdido....Ao constatar que o principal problema da filha fora a falta de dinheiro, e que por isso, tinha estado na iminência de ficar sozinha num sítio ermo sem hipótese de ir para casa, nunca mais deixou de lho dar. A partir dessa altura, o pai dava-lhe por semana 2$50, ela era uma menina de sorte, com tanto dinheiro...! Tinha mais sorte, do que hoje. Sozinha em casa, sem dinheiro, pouca comida, este ano nem havia as filhós da mãe, nem o cacau quentinho, nada.Curiosamente, estes pensamentos fazem-na sorrir, e, também lhe trazem aos olhos uma lagrimita atrevida. Diz o povo que recordar é viver, e, na verdade, estas recordações fazem-na sentir-se bem disposta.Lembra também dos seus amiguinhos, a Rosinha, o Manel, o Fernando, a Blandina, a Carminha, o Arnaldinho, que seria feito deles? Ainda viveriam? Onde? Lembrar-se-iam dela? Vem-lhe lágrimas aos olhos ao recordar-se deles e das suas alegres brincadeiras.Recorda, os teatros ou cinemas, que faziam, em que ela era sempre a principal intérprete, e o Arnaldinho era o galã, e não pode deixar de rir, quando se lembra dele a beijá-la á cinéfilo, como ela era a maior de todos, ele para a beijar, tinha de subir para qualquer coisa, a fim de ficar mais alto. É que os galãs de cinema, eram todos mais altos que as mocinhas...ora essa!Imaginação era o que não faltava. Havia ainda o baloiço. Ou antes, três baloiços, pendurados num tronco duma oliveira, onde ela e a Rosinha e o Manel, costumavam brincar. E onde ela costumava cantar ao desafio com as “saloias” que trabalhavam na quinta. Esse baloiço durou até a nova urbanização dos Olivais; quando ela voltara a Portugal, após estar 15 anos em Moçambique, eles ainda lá estavam, a recordar a sua infância, e única época da sua vida em que tinha sido feliz de verdade, e fora quando estava em casa dos avós. Mais uma lagrimita de saudade á mistura com um sorriso de ternura.Grandes correrias, pela cevada, alta e fresquinha, eram polícias e ladrões. Ouviam-se os tiros, das pistolas de caniço, feitas pelo Manel. Pum! Pum! Era assim nesse tempo. Agora com as novas tecnologias, e a era espacial, será Pshiu! Pshiu!...realmente a tradição já não é o que era...Como diria a avó: - Modernices! Querida avó, se ela cá voltasse, muito se iria admirar com tanta modernice, viagens de ida e volta á lua, túneis por sob o mar, telemóveis, enfim....Se bem que a avó, sempre acompanhara a evolução dos tempos, com a maior naturalidade. Ai avózinha! Quanta saudade.! Agora sim. Rita chora a valer. Ela adorava a sua avózinha.Que importa? È Natal!Assim, acompanhada pelos seus bons fantasmas já não está tão só. Pela primeira vez, passou um Natal perto de sua avó...Estranhos caminhos tem a vidaAo longe uma campainha toca. É um toque, fraco, muito fraco mesmo. Afinal, é o telefone do vizinho que a acorda. Já é dia. Rita tinha adormecido, no sofá, entregue ás suas recordações nesta noite de Natal.. Arroja, 25 de Dezembro de 2002 Maria Isabel Galveias (Lylybety)

DIARIO DE UMA MULHER LIVRE

DIARIO DE UMA MULHER LIVRE Olá meu querido!Como o prometido é devido, e como eu costumo cumprir as minhas promessas, aqui estou a escrever os acontecimentos do meu dia.Depois que te foste embora, e como sempre, entrei nas catacumbas da incerteza e da dúvida. Sou assim, que posso fazer?!É que tu és para mim uma espécie de manjar dos deuses,mas como eles são maus e desconfiados, depois do doce ,dão-me, sempre algo amargo.Tu por exemplo, és um doce muito amargo.Enfim, eles decidiram assim, ou seria eu quem decidiu? Não sei, e isso é que me incomoda bastante. Seja como for, o certo é, que tenho de aceitar as decisões, sejam elas minhas ou deles ,tenho de viver com elas.Depois da tempestade vem a bonança, não é assim?Assim aconteceu!Dormi profundamente, mas poucas horas. Acordei como de costume às 6h e 30m, meia ensonada, ainda fiquei a preguiçar durante uma hora, depois fui trabalhar.Mas muito chateada, porque tinha comprado uma tarte de frango,e,quando fui por ela, para a levar para o meu almoço, já a Mané a tinha comido!!! Assim não vale! Porque eu não mexo em nada dela. Enfim não vale a pena dizer nada. Mas fiquei aborrecida lá isso fiquei.Comecei mal o dia. Tive até, uma certa tendência para o acidente.Primeiro , o carro não queria pegar. Depois tive de dar a volta por cima da relva, porque puseram um camião a impedir-me a passagem. Como a relva estava molhada e a terra fofa, o carro atascou um pouco. Por fim lá consegui sair e chegar á escola já atrasada. Como era de esperar, levei uma rocatela da chefe, mas nada de grave já se vê.Mais tarde, quando ia a entrar no meu “parvalhão”, por artes de magia, a porta salta das dobradiças, isso mesmos literal e exactamente, sic, elevou-se no ar, e caiu com um estrondo tal, que toda gente que estava na escola, acorreu, a ver o que tinha acontecido. O vidro da dita, ficou reduzido a pedaços, ou antes pedacinhos, o maior dos quais, teria por aí 5cm. Mas não ficou por aqui, o aspirador, quando lhe peguei, partiu-se em dois, já é preciso ter azar!..Não me terias rogado alguma praga...?Tudo isto aconteceu, entre as 8.30h e as 14h. Hora a que estou a escrever. O resto do dia descrevê-lo hei logo á noite se lá chegar, a bem dizer, não é?Esqueci-me de contar, que como já vem sendo costume, lá vesti o hábito de freira, para ouvir as confissões do Duarte. A penitência que lhe recomendei, foi que jogasse na lotaria ou no totoloto; pois, para a sorte ser completa, só lhe falta um filho preto, de resto tudo lhe acontece.E pensava eu que não tinha sorte...?! Livra!!!Do resto do dia, por estranho que pareça, perdi o rascunho,Mas sei que não foi nada de especial.Até amanhã, meu amor, beijinhos, beijocas, beijufas,Da tua LUISA DAS CATACUMBAS. 6ª feira, 14 de Abril de 2000 Boa noite meu amor...!Hoje foi mais um dia que passou.Um dia igual a todos os dias. Pouco há para contar.São nesta altura 3h. da manhã de Sábado.Achas muito tarde? Pois é muito cedo!Esteve a chover, quase todo o dia. Quando cheguei a casa a Rita veio ter comigo. Conversámos, como é nosso costume.Falámos de ti, e da nossa atribulada relação. Ela acha graça, e pensa que tudo se resolvia entre nós se não houvessem tantos preconceitos, e se tivesse-mos umas mentalidades menos arcaicas. Enfim opiniões dos jovens..Entretanto, eu fiquei terrivelmente indisposta, não sei se terá sido, por causa de um pastel de nata que comi. Fomos para a minha cama, como é costume, e eu adormeci.Como a Rita ia para o Algarve, com a madrinha, despediu-se e foi-se embora, seriam umas 7h da tarde.As 21.30h. telefona-me a Joana. Disse-me que lhe apetecia sair, porque era 6ªfeira, no Sábado não se trabalhava, enfim deu-me uma boa mão cheia de razões, para irmos sair. Resolvemos ir aos fados.Fui ter com ela. Continuava terrivelmente mal disposta. Ao chegar a casa dela, e depois de beber uma garrafa de água, acabei por vomitar, e lá melhorei um pouco.Fomos para a farra. Passamos um serão agradável, naquele ambiente bom que tu conheces. Acabou ás 2.A Lucinda, esteve connosco, e no final como ela mora no Olival, trouxe-a, lá arranjei mais uma amiga.Cheguei a casa, tomei banho, vim conversar um pouco contigo, através deste meu diário, meio maluco, mas de mim nem outra coisa era de esperar. Dorme bem meu querido. Milhões de beijinhos doces e fofinhos, da tua agoniada LUISA Sábado, 15 de Abril de 2ooo My love, my sweet love, Cá estou eu de novo.Hoje é o 3ª dia do resto das nossas vidas e é Sábado. Ou antes, ontem foi Sábado. E digo ontem porque são 4h. da manhã. Como vês é bem mais tarde do que ontem. Pois é. Deitei-me eram 6h. da manhã. Grande vida! Não é?Não. Não é. Cheguei a casa ás 2.30. Mas estive a falar contigo, por isso me deitei tarde. Que é que essa cabecinha tonta estava a pensar?Acordei com o telefone, [ás 10h. era o Ribeiro. Conversei um pouco com ele. Depois foi a Joana, a dizer-me que tinha combinado com o Teixeira, encontrarmo-nos com ele no Feira Nova de Telheiras, a fim de ele nos dar os nossos cheques.Bem, lá fomos. Eu continuava indisposta. Afinal não foi no Feira Nova, mas sim no Continente, a Joana preferiu assim, porque estava lá a colega dos copos,(brindes) Aqueles que ela nos mostrou, lembras-te?Como eram horas de almoçar, comemos por lá. Viemos embora, e eu vim para casa sempre mal disposta, acabei por vomitar outra vez. Deitei-me e dormi um pouco. Melhorei.Eram 21h, lá estava a Joana a telefonar, a convidar-me para sairmos.Sair? Onde? Aos fados claro. Onde haveria de ser?Lá fomos, e lá conquistei mais um amigo e admirador, o Vilaça.Parece boa praça. Mas é um pinga amor... Sei lá os rapapés que me fez.Convidou-nos para irmos ás 6ªs feiras aos fados, ao Leão das Furnas, não sabes onde é? Nem eu.! Parece que é perto do Jardim zoológico, só pode ser, se é leão...Mas ele disse-me que telefonava na 6ª feira e iríamos com ele. Logo se verá.Disse-me ainda, que havia de me ensinar a cantar. Bonito! Agora depois de velha, vou virar Prima Dona.A noite acabou ás 2h.. Vê bem, a parva da Joana, queria que eu fosse levar o Vilaça a Sacavem, é maluca!Outra coisa. Achei piada. O Vilaça ofereceu-se para sair connosco, mas foi logo adiantando, que seriam sempre contas á moda do Porto e esta?E bem. Viemos embora, trouxe novamente a Lucinda. E depois do meu banho, vim conversar contigo, para ver se me dá o sono. Mas tu tiras-me o sono não me dás. Mas como tudo o que vem de ti é bom quando não é mau, só para poder escrever para ti, viva a insónia!Por hoje é tudo, um gran............de chicoração desta tua mal disposta e insone LUISA Domingo, 16 de Abril de 2000 Good evening my sweetness, Mis um dia passou. Sem te ver e sem te falar.Hoje para mim, foi dia não. E para a Joana também.Dormi muito pouco e esse pouco foi em sobressalto.Sinto saudades de ti. Sinto também como sempre muitas incertezas. Falta-me ouvir a tua voz a dizer-me que está tudo bem. Estará?Fiz um esforço enorme, para te não telefonar.E por via das dúvidas, tive sempre o télélé, desligado, para evitar tentações.Foi um dia muito aborrecido. A Joana, insistiu para que fosse almoçar com ela, não me apetecia sair de casa, mas lá fui.Ela estava também muito deprimida. Foi ás compras ao Lumiar, lá, encontrou o Agostinho, ele perguntou-lhe se ela queria vir com ele, como ela lhe dissesse que ainda tinha qualquer coisa para comprar, foi-se embora e não esperou por ela. Daí ela ficar muito triste com a frieza dele.Almoçámos, e resolvemos ir ao baile.Só fui para que ela não dissesse, que não a acompanho onde ela gosta de ir, mas fui de muito má vontade.Dançámos um pouco. De repente vejo-a a ir em direcção ao bengaleiro, muito agitada. Fui atrás dela. Estava com um ataque de choro, quis ir para o carro sozinha. Fiz-lhe a vontade. Porém eu também não estava bem. Fui ter com ela, e viemos embora.Propus-lhe um passeio de carro. Apetecia-me conduzir. Já te disse, parece-me, que a condução, para mim é um calmante.Fomos ao Infantado, a uma lanchonete perto das piscinas. É muito agradável.Um dia, talvez, iremos lá os dois.Depois do lanche, fomos dar uma volta saloia. Ás 20h. regressámos a penates. Vim tentar mais uma vez estragar o computador.Depois telefonei á Joana. Não falámos muito, porque estava lá o Agostinho. Aleluia! Aleluia!!!Foi Sol de pouca dura. Ela telefonou-me agora, a dizer que pouco tinham conversado. Não conseguiu falar com ele. Diz que se sente inferiorizada, e pouco à-vontade. Diz que gostaria de conversar com o Agostinho, como nós conversamos.Mas nós, somos nós, não é my love?Será que voltamos a conversar?Se isso não acontecer, fica pelo menos em mim uma boa recordação. A vida é feita de recordações não é?Estou insegura, em relação a ti. Mas ao mesmo tempo, sinto uma calma, uma tranquilidade, que me deixa assustada. É como se vivesse sem vida. Estranha, esta minha forma de viver...!Agora vou tentar dormir. Amanhã é dia de trabalho.Boa noite amor, um beijo muito grande da tua estranha (bota estranho nela) LUISA 2ª feira 17 de Abril de 2000 Olá meu bem, Sobre o dia de hoje, e porque estou tremendamente nervosa, nada tenho para contar, excepto que fui às Torres de Lisboa, á Unielert, para ir buscar uma credencial, a fim deIr trabalhar para o Manuel Nunes. Deixei o carro estacionado, e quando cheguei, tinham-lhe dado uma pancada, que lhe amolgou a porta de trás, do lado esquerdo, toda.Mas enfim. Não há de- ser nada, e se for alguma coisa, que seja uma menina para não ir á tropa, muito embora as meninas agora também irem, porém não é obrigatório, como os rapazes. E mais não digo, pois nada mais tenho para dizer. Agora só falarei perante o meu advogado.Até amanhã, um beijo da desconsolada, LUISA 3ª feira 18 de Abril de 2000 Good evening my love, Que bem que eu escrevo em inglês, não escrevo?Mais um dia passou, sem eu saber de ti.Será que ainda moras no mesmo planeta que eu? Ou já mudaste de sítio?Foi como sempre, um dia igual a todos os dias. Monótono, triste, chuvoso, nem parece Primavera.Estive a fazer promoção da Knorr no Manuel Nunes, em Famões.É uma acção sem brilho. Não há clientes. Ninguém tem dinheiro para compras.Seriam umas 11h. da manhã, quando a Joana, me telefonou. Disse-me que te tinha telefonado, só para ouvir a tua voz. Ela lá sabe. Disse-me que tinhas uma voz triste, e que lhe pareceste adoentado.Depois de sair do meu trabalho, fui á oficina com o carro, para saber quando lá o poderia pôr para arranjar. Só dia 2.Voltei para casa, cansada, e sem vontade de ver ou falar com alguém.Mas não me é possível, sentir um momento de desânimo, porque há sempre alguém que precisa dos meus fracos préstimos, e lá telefona a Joana, dizendo não saber carregar o telemóvel e a pedir a minha ajuda.De má vontade lá fui.Depois ela não quis ir para casa, pois achava que era muito cedo, apetecia-lhe ir petiscar qualquer coisa, lá fomos ao Duarte, comer umas petingas fritas, que por acaso até me souberam muito bem, mas me fizeram muito mal.A Joana insistiu, para que te telefonasse, assim fiz. Porém, se o arrependimento matasse, teria morrido na hora.Mas todo o mal tem um final passa depressa. Também assim aconteceu comigo.Seriam 21h quando o meu telélé tocou. Era o Aníbal, a perguntar se eu já tinha B.I. É que eu fiquei de lhe mandar fotocópia via fax, e ainda não o fiz.Perguntou-me onde estava, porque ele estava em Santo António dos Cavaleiros.Disse-lhe. E mais, como ele já me tinha convidado para tomar café umas quantas vezes, desta vez convidei eu.Foi ter connosco. Petiscou. Depois fomos para casa da Joana.É uma pessoa agradável o Aníbal.Conversámos até ás 2 da manhã. Falámos de muitas coisas e de muita gente, incluindo a tua pessoa, como era de prever. Falámos sobretudo de trabalho. Ele tem umas quantas ideias, mas não é idiota, e sem ser ilusionista, também tem umas quantas ilusões.Não. Não me refiro a essas. Refiro-me a ilusões filosóficas e utópicas, de como gostaria de singrar na vida.A Joana, ficou até de lhe arranjar alguns contactos com empresas.Penso que agradaram um ao outro.Depois vim para casa.Sentei-me ao computador, a escrever as memórias do dia. Bem curtas por sinal. E foi assim. Até amanhã meu querido. Um beijo da (tua?) desmemoriada, LUISA 4ª feira dia 19 de Abril de 2000Olá, quem? Não sei bem. Depois de uma manhã, sem graça, e compartilhada com pessoas pouco agradáveis, liguei o telefone, e tinha uma mensagem tua. Milagre! No entanto, não percebi patavina do que dizias.Ouvi, tornei a ouvir, devia estar completamente estúpida, porque continuei sem perceber.Só percebi, que tinhas deixado qualquer coisa para mim com a Manela, qualquer coisa, que eu não iria gostar. Não entendi essa, mas está bem.Mais tarde liguei para ti, para ver se me explicavas, o que querias dizer, mas tu não te mostraste muito interessado. Achei uma certa graça, quando ao atenderes, possivelmente sem te dares conta, disseste, cá está a nossa amiga, pareceu-me ver uma certa ironia na tua voz. Possivelmente estaria enganada. Possivelmente?Perguntaste-me, entre outras coisas, se eu estaria feliz com a minha liberdade, e eu respondi, que a minha liberdade, era condicionada, pela minha consciência. Parece que não percebeste muito bem, o que eu teria querido dizer. Onde andam essas tão famosas antenas? Perdeste faculdades? Tudo me leva a crer que sim.Voltei de novo a ouvir a tua mensagem. Havia nela uma acusação de que não sei ou não percebo qualquer coisa, costumo perguntar a quem sabe, voltei a ligar para ti, para que me explicasses o que querias dizer. Porém, quando ias para atender, e possivelmente, possivelmente? Sem te dares conta mais uma vez, disseste: - cá está esta gaja outra vez!Como não quero ser chata, desliguei, bastante chateada, por acaso.Depois de ter falado com a Joana, sobre este assunto, ela falou contigo em resultado dessa conversa, deixei-te uma mensagem em que te peço para,Caso possas e queiras me ligues. Veremos o que farás.É tudo por hoje. Espero que durmas bem. Um beijo da gaja. LUISA 5ª feira 20 de abril de 2000 Olá, continuo sem saber bem o quê.Hoje foi um dia mais ou menos bom. O dia. Porque a noite...Depois de acabar o stok , mandaram-me para casa, pois não se justificava, estar na loja, não havendo mercadoria.Assim, saí e fui á CGD, e depois ao CPP, fazer umas transacções, quando ia a meio caminho, telefonas tu, a dizer-me que ias a Lisboa, e a propores-me um encontro. Claro que como sempre aceitei com satisfação. Fomos a Lisboa, depois disseste-me que tinhas que ir para casa, [porque tinhas deixado arroz-doce ao lume e podia queimar-me], mas entretanto, mais tarde virias á tua lição de [violador) e passarias cá por casa e possivelmente jantarias comigo, porém não tinhas a certeza disso. Ficaste com as certezas todas depois, e decidiste não jantar. Assim foi. E tudo estava bem. Foste embora, dizendo que lá para o S. António, nos voltaríamos a ver, talvez. Concordei. Que mais poderia fazer, contra factos e decisões não há argumentos, não é?Confesso, que não me agrada muito a ideia de não saber muito bem, qual é o meu papel, mas vamos vivendo e vendo, assim, como assim...Saíste, e como eu tinha feito um esforço muito grande para me manter calma e serena, fiquei arrasada. Deitei-me e adormeci.Como sempre, Sol de pouca dura. Não me é permitido dormir.O telefone toca. Ouvi, mas não me apeteceu atender.Era a Joana. Falou com a Manela. Ficou admirada, por eu ás 22h já estar a dormir, porque eu nunca durmo. Pediu até á Manela para ver se eu estaria bem. No entanto a Manela, está-se nas tintas, para que eu me sinta bem ou mal, a bem dizer, como já não precisa de mim...O Júlio, é que não sabendo das intenções dela, não percebendo que ela atendeu o telefone, ao ouvir este tocar, pensou que eu não estaria em casa, mas reparou que eu estava deitada e chamou-me. Aí, não tive outro remédio senão acordar claro.Alguns poucos minutos mais tarde, ligas tu, aflito por causa da tua irresponsabilidade de pai, em relação ao Ricardo.Pobre Ricardo, no meio de desmiolados como vocês, que não sabem ser gente, quanto mais pais...!O resto da história já sabes, não preciso contar mais nada.Só que depois de terem saído, me senti bastante mal. Mas não morri infelizmente, ainda tenho muito que chorar e rir. Boa noite. Luisa 6ª feira 21 de Abril de 2000 Depois de uma noite bastante atribulada, em que não dormi, e me senti bastante mal, em que me lembrei bastante do meu marido, mais velho, e de como ele se sentia antes de falecer, pensei até, que idiotice, se não seria ele a avisar-me do que me poderia acontecer, se eu teimasse em me relacionar contigo.Nunca uma noite foi tão grande. E uma manhã tão comprida. Telefonei á Joana que , nesta altura do campeonato, é a única com quem posso contar por enquanto, já se vê.!Aos trancos e barrancos, lá consegui ir ás compras para o almoço, e lá fui almoçar com ela.Depois dos acontecimentos de ontem, de ti não mereci nem um telefonema a dizer-me como estariam as coisas contigo!Soube que estava tudo bem, porque telefonei ao Ricardo. Pareceu-me calmo e sereno. Pobre Ricardo, já está habituado, coitado.Depois de almoço, senti-me pior do que durante a noite, uma dor forte no peito e nas costas, que me provocava vómitos, e se alongava para o braço,Fez-me pensar, se não iria ter um enfarte, a Joana assustou-se, e teve a infeliz ideia de te dizer, é burra todos os dias, podia ser só aos fins de semana, mas não é aos feriados e tudo.Depois de ir ao Catus, e ter sido medicada, voltei para casa, e graças a Deus, fiquei boa. Decidi então sair com a Joana, e a Regina.De ti nem uma palavra. Muito bem, aplaudo de pé.E este foi mais um dia do resto da minha vida.Espero que durmas bem, e sem cuidados.Só te peço, tem um pouco de respeito carinho e ternura pelo Ricardo, que não pediu para nascer, nem para ser castigado ao Inferno, pois ele não tem culpa se os pais não sabem ou não querem resolver os seus próprios problemas, e não vêm que ele é ainda um menino, que se sente só, e sem saber muito bem ao certo, para onde vai. Por favor cresçam. Já vão sendo horas de deixarem de olhar só para o vosso umbigo! Neste mundo cão, mas que também é de Deus, há mais pessoas, que também têm sentimentos, respeitem-nos. Por hoje é tudo. Estou como deves sentir, indignada. Luisa Sábado, 22 de Abril de 2000 Hoje é Sábado, depois de mais uma noite atribulada, consegui dormir, e durante esse pouco tempo, fui feliz.Também, eu só sou feliz a sonhar. Mas é preciso que esses sonhos me levem para bem longe, até á minha África, e a tudo o que de bom lá deixei, sobretudo a minha juventude. Mas sonhos são sonhos, e a realidade, é bem mais dura e ruim.Acordei ás 11h. De ti, nem sinal. Que é que eu poderia esperar? Nada!!!Telefonei á Joana, é só ela quem me resta a bem dizer. Ás 14.30h. fui arranjar o cabelo. Até a Cristina achou que eu não estava nos meus dias.Ao sair de lá, tive a (grata?) surpresa de te ver. Pouco falámos, tinhas como sempre a roupa no cloreto.Fui até à Joana, sempre a Joana, benza-a Deus!Decidimos, ir á nossa habitual noite de fados. Parece que aquela tonta, resolveu enquanto eu fui á casa de banho, convidar-te a ir também.Apareceste, e foi bom. Sobretudo porque me consegui livrar do melga que é o Vilaça, coitado, lá se foram as suas ilusões!...Foi uma noite morna, sem grandes acontecimentos, o maior dos quais, foi que, não sei porquê, toda a gente desafinou, a cantar, até a Rosinha e o Zé.Ficaste connosco até ás quatro da manhã, ou seriam 5?Eu tive que ficar em casa da Joana, porque burra que sou, esqueci-me das chaves em casa e a Manela só vem 2ª feira á noite, esta burricoide, chegou a lamentar não te ter dado já uma chave da minha casa, assim não teria que ficar na rua. Sou parva, porque dadas as circunstâncias, ficava na rua na mesma, já que, a roupa que tinhas na lixívia, podia estragar-se, e por isso não me virias trazer a chave.Ainda bem que não dei. Não dei nem darei, não mereces nem vale a pena. Porquê? Ainda tens a ousadia de perguntar? E foi assim o Sábado. Curto e sensaborão, veremos como será o domingo. Até lá. Luisa Domingo, 23 de Abril de 2000 Hoje foi Domingo de Páscoa. Fiquei em casa da Joana, como já era do conhecimento geral.Acordámos cedo. Fomos ás compras, ela estava esperançada em que o Agostinho viria almoçar, mas como eu, e tu, calculámos não veio. Homens...! Fomos até ao Infantado tomar café. O Zé Luiz foi connosco. Muito chateadas as duas, porém ela mais do que eu. Eu ainda era suficiente ingénua, para pensar que te lembrarias de mim, antes do dia acabar, parvoíces...! Ainda fomos tentar abri a minha porta, mas não conseguimos.Lembro-me que a Joana, te perguntou, se irias ficar sem dar notícias muito tempo, como tinhas feito, a semana passada, tu garantiste que não. Disseste que telefonarias. Mas o certo é que passou todo o dia, e de ti nem um sinal, o que a ela incomoda mais do que a mim. Á noite depois do jantar, a Joana pediu-me para lhe cantar um fado, cantei mais do que um,. Fomos deitar era quase 1h. da manhã. Ela dormiu logo. Eu como sempre fiquei de plantão a fazer versos á Lua.Ainda te mandei uma mensagem, não sei se a recebeste. Também não estou muito preocupada com isso. Sinto até, que os nós que me atavam a ti, estão muito mais lassos e fáceis de desatar.São nesta altura 5h da manhã de 2ª feira, que será mais um dia que passarei, fora da minha casa. Por hoje é tudo. Espero que passes muito bem. Até amanhã. Luisa 2ª feira 24 de Abril de 2000 e como eu prometi, não sei ainda porquê, nem se valerá a pena, cá estou a contar mais algumas coisas dos meus dias sem sabor, nem cor.Acho que não tenho mais nada a dizer.O meu diário finda aqui, Luísa Autora, maria Isabel Galveias (Lylybety)