domingo, agosto 05, 2012

AS COISAS QUE ME ACONTECEM

Uma de muitas histórias que aconteciam
no tempo dos grupos do MSN
Eram 4 horas da manhã. Acabara de encerrar o meu PC, depois de estar, um dia inteiro á sua frente.
Tinha terminado uma sessão da net, que, me tinha deixado, nem eu sei bem porquê, triste e deprimida, chorosa até.
Para desanuviar fui tomar banho. Mal tinha saído do duche, quando o meu telefone da rede fixa tocou.
A esta hora? Quem será? – perguntei para mim própria um pouco assustada. Nestas alturas quando o telefone toca, penso sempre o pior.
Estou? - perguntei um tanto ou quanto a medo...
Lyly? – pergunta uma voz de baixo profundo.
Sim...! Quem quer falar comigo a esta hora?
Boa noite Lyly, minha Lady e minha Queen....!
- B..o..a n.o.i.te....! – gaguejei confusa . Conhece-me?
Conheço sim majestade! - ri do outro lado o meu interlocutor
Estive todo o serão a fazer-lhe companhia, minha adorada Queen, e tambem toda a tarde.
Foi? e posso saber com quem estou falando.
De certo não sou o seu King, nem o seu Duque de Copas e nem o seu Valete de Espadas.
Bom, os dois primeiros sei que não, quanto ao terceiro.....
Garanto-lhe que não sou.
Então quem é, se for dado a uma velha Queen o direito de perguntar e de saber?
Não posso dizer-lhe quem sou. Tenho muitos nicks tal como a senhora.
Ah! este sabia que uso vários nicks.......Quem seria?
Conhece os meus nicks? Perguntei meio a sério, meio a brincar.....
Sim minha adorada Lyly, minha Lady e ninha Queen......
Pelos vistos era adolador......tinha voltado de novo a vontade de rir e de brincar.
Mas então quem é o sr? insisti rindo
Alguem que todos os dias a acompanha fielmente. Alguem para quem a Aldeia Lusa, ou a Lusitana Paixão, só tem graça e sabor quando a sra. lá se encontra.
Alguem que a admira, e inveja....
Inveja? Mas inveja o quê meu caro senhor?
agora já não estava a gostar da conversa, quem seria este maduro a ligar para mim a esta hora da madrugada?
Vejo que não gostou do termo, Majestade!? – riu ele
Realmente não foi, digamos muito simpático...Quem seria? perguntava eu de mim para comigo.
Digamos minha querida Queen, que sou, não um Duque nem um Valete e, muito menos serei um King, mas simplesmente um seu vassalo, que percorre diáriamente, todas as salas portuguesas, para ter o previléligo de teclar consigo, e me rir com o seu espírito sempre tão alegre, e as suas respostas tão rápidas e precisas.
Sabe que ao principio eu cheguei a pensar que haveria truque e a sra e o Chuck escreviam os diálogos?
Não posso acreditar!...há cada uma, ás 5h da manhã!!!!- pensei, não disse claro.
E, ainda crê nisso? - preguntei deveras divertida
Agora já não. Pois verifiquei que a sra era ligeira a responder em qualquer sala e em qualquer assunto, daí a minha admiração por si.
Bem, agora que me prestou vassalagem, disse rindo, quer dizer-me quem é e como soube o meu nº de telefone?
Quem sou? Bem digamos que sou o Conde de Espadas, sempre pronto a lutar por sua dama; como soube o seu nº de telefone? através do seu nome, pois sou participante da Aldeia Lusa, logo portanto serei alguem em quem Suas reais Majestades podem confiar, não ofereço perigo.
Mas não foi certamente para me dizer todos esses piropos que me telefonou. Afirmei outra vez com seriedade.
Adivinhou mais uma vez, minha inteligente, rainha.
Então?
Notei que por qualquer coisa que lhe foi dita, ficou subitamente triste. Quando disse que seria a última vez que a Queen, abriria as portas do seu Alegre Salão, senti que estava a ser sincera, e, que a sua habitual jovialidade, tinha desaparecido. Voltei atrás no diálogo para ver o que teria sido, e, descobri.
Descobriu? foi assim tão obvio?
Para mim que estou sempre pendente das suas emoções, foi.
Sou tão transparente assim? Agora começava a interessar-me..
Já lhe disse que para mim é. Afirmou.
Também reparei, que houve mais alguem, que sentiu medo de que não voltasse.
Quem? – interoguei. Não havia dúvida. Este admirador secreto era mesmo atento.
O Duque foi o primeiro a assustar-se, e o King também não ficou com todas na manada, como se costuma dizer.
E o sr? perguntei um pouco garridamente....
Eu fiquei estarrecido.. A minha adorada Lady, querida Lyly, venerada Queen ia deixar de vir ao Salão da Aldeia.......?
Mas eu não disse isso!..... só disse que seria a última vez que a Queen se apresentaria........mais nada. e se viu porque foi, deve concordar comigo.
Não. Não concordo. Penso que deve voltar, voltar como Quenn.
Mesmo que seja desagradável para alguem? - Prguntei curiosa em saber a resposta
Mesmo que seja desagradável para “Alguem”......
Mas sabe que esse alguem, tem uma força bastante grande dentro da comuinidade.
Sei. Mas quer apostar, que esse alguem se a Queen não voltar, vai solicitar a sua presença?
A presença da Queen, ou a da Lyly?
Ambas são a mesma, mas cada uma ocupa na comunidade um lugar diferente.
Sério? como é isso?
A Lyly, é você ao vivo e a cores. A Queen é o sonho a brincadeira, a fantasia.....
Tudo isso?
Tudo. Promete-me que não vai desistir?
Não prometo porque não posso cumprir...Já desisti como viu.
Não faça isso... são tantos que adoram a Queen......
E a Lyly não presta?
Claro que presta. E sabe disso. Não esteja a ser tão radical.
Bem amigo, vou ser mais radical ainda. Não lhe parece que são horas de dormir?
Ou antes não são horas de estar ao telefone na conversa com alguem que se desconhece.
Perdão minha Queen, não queria de modo algum ser importuno. Quis tão somente ser solidário consido, e mostrar-lhe de viva voz a minha solidariedade, mais nada.
Está bem já mostrou. Agora posso ir tentar dormir um pouco?
Pode. Mas antes prometa que a Queen irá voltar.......
Prometo que irei pensar nisso, e, que irei falar com ela.....Mas tenho sérias dúvidas, penso que isso teria que ser pedido por mais “Alguem”.
Se isso acontecer........
Fico á espera, nem que tenha que fazer barulho na sala.
Barulho!? está proíbido ouviu? Proibido. Na minha sala não quero duelos nem discussões.
Certo. Mas tudo vai depender de si. Volta? Logo á noite estará lá?
Se não adormecer, concerteza que estarei..
Então até logo, my lady, posso enviar-lhe um beijo pelo telefone?
Claro que sim. Um beijo também para si.
Uma rainha a beijar um simples vassalo? Mas é uma rainha como só existem nos contos de fadas!!!?. Boa noite. Logo espero-a na net.
E esta hem? Acontece-me cada uma.!!!!!!!
Bem e agora vou ver se durmo.....
Arroja, 5 de Abril de 2001
Maria Isabel Galveias(lylybety)



sexta-feira, abril 27, 2012

À Moda Antiga


Hoje eu não quero
saber de computador
Só vou brincar no quintal
Vou pintar o sete com lápis de cor
Pra colorir o meu mundo real
Hoje eu vou fazer de conta
Que o vídeo-game não liga
E que a televisão pifou
Vou me divertir à moda antiga
Como a minha vó me contou
Pique-esconde, amarelinha, cabra-cega
Duro ou mole, Polícia e ladrão
Barra-manteiga, três-Marias, pega-pega
Eu vou voltar no tempo
e na imaginação
Quando a gente é inventava as regras
E inventava a moda,
sempre de pé no chão
Não tinha celular, não tinha internet
Mas tinha bicicleta, rolimã e patinete
Não tinha DVD, não tinha MP3
Mas tinha cantiga de roda e "Era uma vez"
Eu quero por um dia ser feliz
como foi o meu avô
Rodando pião, jogando iô-iô
Pique-esconde, amarelinha, cabra-cega
Duro ou mole, polícia e ladrão
Barra-manteiga, três-Marias, pega-pega
Eu vou voltar no tempo
e na imaginação
Quando a gente é que
inventava as regras
E inventava a moda
Sempre de pé no chão
Marcelo Quintanilha



FIM DO MUNDO, de Cecilia Meireles

A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.


Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.


Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo nenhum.


Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez eu tenha ficado um pouco triste - mas que importância tem a tristeza das crianças?


Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.


Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.


O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos - além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa crônica.


Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira mais digna.


Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus - dono de todos os mundos - que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos - segundo leio - que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito de adoração.


Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos - insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.


Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês...






Texto extraído do livro "Quatro Vozes", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1998, pág. 73.









quinta-feira, abril 26, 2012

E a vaca foi para o brejo...

Expressão também bastante conhecida... rsrsrs

Certa vez, Mestre & Discípulo peregrinavam por distantes pastagens quando um dia
encontraram acolhida em um casebre habitado por uma família muito simpática
mas que (sobre)vivia em parcas condições de miséria.
Embora fossem boas pessoas, seus recursos materiais eram aparentemente limitados,
a pobreza era o seu cotidiano e mal se sustentavam graças a uma única
e magrela vaca a qual fornecia o leite que servia de alimento
e o pouco que sobrava era vendido por uns trocados.
Na hora de partirem, o Discípulo apiedado da situação daquelas pessoas,
perguntou ao Mestre se algo podiam fazer por eles.
O Mestre em sua sabedoria disse:
- Jogue a vaca no precipício....
- Mas Mestre... interpelou o Discípulo.
- Jogue a vaca no precipício.... ou suma com ela! Reiterou o Mestre.

O discípulo, sem compreender a intenção do Mestre cumpriu seus desígnios
ainda que muito contrariado.
E assim, a vaca sumiu...e a família ficou sem ela.
Os anos se passaram.
Desde aquele incidente o Discípulo não mais tivera paz em seus dias,
sentindo remorso por ter privado aquela família bondosa de sua única fonte de sobrevivência.
No intuito de se redimir e obter o perdão,
o Discípulo resolveu então voltar àquela erma região
e encontrar aquelas pessoas que com as quais havia cruzado o caminho
e interferido em suas vidas de forma tão brusca.
Mas, para seu espanto, o Discípulo não conseguiu reconhecer a região.
Onde antes havia uma região árida, encontrou terras cultivadas.
Próximo de onde era o casebre, um palacete.
Sua angústia tornou-se então ainda maior.
Supôs que a família fora obrigada a vender a casa e o terreno,
visto que não tinham mais a vaca para sobreviver.
Decidido então encontrar pistas do paradeiro daquela pobre família,
o Discípulo resolveu interrogar os novos moradores.
Aproximou-se da bela casa e encontrou seus proprietários na piscina, divertindo-se.
O discípulo então levou o maior susto: Eram as mesmas pessoas, aquela "mesma" família que antes encontrara, agora com aparência mais saudável e feliz.
Sem nada entender, o discípulo perguntou pelo milagre ocorrido naquele lugar.
- Que milagre que nada...
- respondeu o pai de família, com sorriso no rosto.
- Certo dia, quando acordamos descobrimos que aquela nossa vaca,
da qual tirávamos nossa sobrevivência, havia desaparecido.
Diante disso, arregaçamos as mangas em busca de novas soluções,
trabalhamos muito, voltamos a estudar e criar formas alternativas
de produção e fomos ao longo do tempo prosperando
e hoje somos donos de todas essas terras que nos cercam...
"Tudo isso começou depois que a vaca foi para o brejo"...
É o dia em que deixamos a acomodação de lado e decidimos agir e viver a plenitude de
nossas potencialidades !!!
E o Discípulo, então, compreendeu a sabedoria do Mestre!
Com o Fraternal Carinho de sempre
Beijos azuis no coração
Abraços de Luz,
Paz sempre,
Amor tb,

terça-feira, janeiro 17, 2012

CAOS



Sobre escombros da fé, e da esperança,

Procurando em regiões supremas
Minha alma o trilho hoje não alcança
Perdido entre teorias e teoremas

Não sabem, os apóstolos sombrios,
Que á luz da Ciência os homens estão frios,
Tudo se transformou num doloroso caos
Tornando seres bons, em egoístas, maus.


Não há um lírio que floresça num peito,
De piedade, de amor e de misericórdia...
Se brota uma virtude o vicio morde-a,

Perdeu-se da bondade o gesto e o jeito
Perante vilania e discórdia
Duma paz apodrecida em vão pleito

Maria Isabel Galveias